MANTECA: Um italiano londrino. Buonissimo

Pra quem não acredita que um dos melhores restaurantes italianos do mundo fica em Londres. Pra quem não cogita a ideia de que grandes chefs da cozinha italiana possam ser jovens, com menos de quarenta anos de experiência nas pias, panelas, fogões e fogareiros. Pra quem acha impossível uma turma de rapazes e moças de vinte e pouco anos ser responsável pelo serviço de salão de um restaurante que mereça ser levado a sério. Pra quem acha que os melhores bairros para grandes restaurantes em Londres são Mayfair e Knightsbridge – e não um lugar meio underground como Shoreditch. Para quem acha que um restaurante de primeiro time tem que ter mesas e cadeiras confortáveis, toalhas de linho, talheres de prata e copos de cristal, ao invés de mesinhas e cadeiras de madeira, sem toalhas, com talheres e pratos caseiros. Para quem quer conhecer algo verdadeiramente novo no mundo dos restaurantes e da simplicidade, recomendo o Manteca, com seu Italian British Menu.

 

Situado na Londres que nos últimos anos deixou de ser sinônimo de gastronomia ruim pra se transformar no grande centro gastronômico do planeta, o Manteca surpreende sob todos os pontos de vista. Chefiado pelo jovem Chris Leach, o restaurante faz uma comida italiana que consegue ser moderna sem deixar de ser eterna. Conta com uma brigada composta por um grupo simpático, bonito e divertido de rapazes e moças, vestidos informalmente com suas roupas do dia a dia, que conhecem o menu tão bem quanto o chef, e sabem harmonizar os vinhos a partir de cada escolha do freguês, ou de alguma recomendação feita por ele.  

Importante: normalmente, os vinhos recomendados são bons, sem serem absurdamente caros.

 

Ao contrário dos muitos restaurantes medalhões que Londres abriga nos seus bairros mais tradicionais, o Manteca fica num pedaço da cidade onde se encontram galerias de arte, pubs descolados, bares com música ao vivo e outros restaurantes autorais. A frequência é jovem como a galera que toca o serviço, mas isso não impede que a casa seja frequentada por gourmets de mais idade, vindos de diversos lugares do mundo.

Almoçamos no Manteca eu, minha mulher e minha filha, no domingo 28 de abril de 2024, às 14h45. O restaurante bombava. Comemos de entrada algumas foccacias, corações de alcachofra com pinhole, aspargos e mariscos com molho apimentado. Depois experimentamos três massas: um Lumache alla vodka, um tonnarelli com caranguejo e um fazzoletti com ragú de pato. Bebemos um Nebbiolo, honestíssimo. Como sobremesa, pedimos um sanduíche de biscoito recheado com um sorvete napolitano ainda melhor do que aquele que a Kibon fazia quando eu era menino, e adorava.

 

Auguri, Manteca.

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