Chato pra comer

Os hábitos alimentares de Napoleão Bonaparte


A França celebrou o bicentenário da morte de Napoleão, que se foi em 5 de maio de 1821, aos 51 anos, no degredo da ilha de Santa Helena.

Dizem que Napoleão não deixou uma lembrança de fino gourmet. Comia pouco e rápido: em doze minutos ia da entrada à sobremesa — e quando se pensa na quantidade de amuse-bouches, hors d’oeuvres, entrées, entremets, poissons, viandes, que eram servidos na época, vê-se que o Corso não era bom de garfo. Quando jantava em família, às 6 da tarde, saía da mesa e deixava a imperatriz sozinha. Quando tinha visita, ficava meia hora: mais que isso, já considerava “corrupção do poder”, sinal de que o anfitrião estava querendo corromper, pela boca, o conviva.

Mas tanta frugalidade também tinha uma razão fisiológica. Ele dizia que a natureza o dotara dessa vantagem singular de não conseguir comer muito, mesmo se quisesse. Palavras dele: “Se eu ultrapassasse um pingo que fosse o meu 'calado', logo meu estômago devolveria o que lhe parecesse supérfluo”. Pois é, pelo visto Napoleão sofria de anorexia nervosa.

Mas não desprezava a Diplomacia da Boa Mesa: em almoços a chefes de Estado — neste aí ele recebe o czar da Rússia e o rei da Prússia — pedia pessoalmente a seu chef, o famosíssimo Carême, que caprichasse na arte gastronômica a serviço da diplomacia imperial.

E do que gostava? De uma mesa quase rústica. Nada de muito tempero nem muito esmero. Adorava pernil e costeletas de carneiro; sopa, frango, feijão branco e batatas cozidas, lentilhas, massa com queijo parmesão, e sonhos de banana com rum. O frango passou à História como “Poulet à Marengo”, homenagem à batalha vitoriosa na Itália.  Nada mais que um frango ensopadinho, com cebola e tomate, e que era (às vezes ainda é) servido com lagostim.

Quanto às bebidas, tampouco era um bom copo. No dia a dia, meia garrafa do Bourgogne chambertin cortado com um pouco de água. Champanhe era para dias de vitória no campo de batalha. Não chegava a ficar bêbado, mas alegrinho.

Ou seja: no quesito "comes & bebes", Napoleão deixou a desejar.

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