Se a dupla de safras 2019 e 2020 foi um grande sucesso nas principais regiões produtoras de vinho francesas, 2021 será marcada como um dos ciclos mais complicados da história.
No início da primavera (abril), período delicado da videira no qual a floração estava pronta para se iniciar, as redes sociais foram inundadas com imagens de vinhedos franceses cravejados de tochas de fogo, para tentar evitar os danos da severa geada que viria. O fenômeno atingiu cerca de 80% dos vinhedos do país, principalmente na Borgonha, em Champagne e no norte do Rhône.
Em Champagne, cerca de 30% dos vinhedos de Chardonnay tiveram seus brotos afetados. Na Borgonha, o problema se repetiu e a Chardonnay, por ter um ciclo mais adiantado, foi mais afetada que a Pinot Noir. A Alsácia, que não chegou a sofrer tanto com as geadas de abril, observou clima quente e úmido nas semanas seguintes, o que criou condições para o ataque do míldio. Resultado: estima-se que será a menor colheita dos últimos cinco anos da região.
Até o meio de agosto o Ministério de Agricultura francês estimava uma quebra de 30% no volume médio de produção de vinhos em 2021 (produção estimada entre 32 e 35 milhões de hectolitros), o que coloca a produção francesa de volta ao ano de 1970, outra safra difícil, e com a ressalva de que na época a extensão dos vinhedos franceses era bem maior que a atual.
Para agravar a situação, nos últimos dias, a região da Provence foi atingida por incêndios, em virtude do verão seco e do intenso vento Mistral. Conhecida pelos vinhos rosés, a Provence está em plena época de colheita e até agora o comitê de vinhos da Provence (CIVP) estima que 5% dos vinhedos tenham sido afetados pelo fogo. A Maison Mirabeau (@maisonmirabeau) publicou imagens em suas redes sociais com fileiras de seus vinhedos queimadas pelo fogo, que não chegou a tocar as instalações da vinícola.
(Marcel Miwa)