O governo chinês decidiu iniciar uma investigação anti-subsídio sobre vinhos australianos. A decisão foi tomada menos de duas semanas depois que a China, o maior comprador internacional de vinho da Austrália, anunciou que iniciou uma investigação anti-dumping sobre o mesmo produto.
A investigação é o mais recente golpe para a indústria vinícola australiana, que foi atingida por uma demanda mais lenta em meio a bloqueios globais da Covid-19, safras afetadas pela seca, bem como contaminação por fumaça e danos da temporada de incêndios florestais sem precedentes no país no verão passado.
A Australian Grape & Wine já esperava a decisão e, em nota, declarou estar pronta para responder a quaisquer dúvidas que os chineses tenham e que cooperaria totalmente durante o processo de investigação.
Australianos e chineses vivem um aumento no nível de tensão nos últimos tempos, com uma flagrante deterioração dos laços comerciais entre os dois países. A proibição da participação da Huawei Technologies Co. na rede 5G australiana foi muito mal recebida em Pequim. A relação piorou por conta da pressão do governo de Canberra por uma investigação independente sobre as origens do surto de Covid-19.
A reação da China foi na mesma moeda. Os asiáticos suspenderam algumas importações de carne bovina da Austrália e taxaram a cevada australiana em 80%. Recentemente, o embaixador chinês em Canberra disse que os consumidores chineses podem boicotar os produtos australianos como reação à escalada da tensão comercial entre os países. A fala do embaixador foi interpretada em Canberra como uma ameaça pouco sutil.
A investigação sobre o subsídio ao vinho deve terminar em 31 de agosto de 2021 e pode ser estendida até 28 de fevereiro de 2022, de acordo com o comunicado.