Gula Escola: PANCs

Fotografia: reprodução da internet
Alexandre Lalas

Alexandre Lalas

Presentes com frequência cada vez maior em restaurantes estrelados e premiados, emprestando cores, texturas e sabores à criatividade de chefs antenados, as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCS) já há algum tempo romperam as barreiras de casas que trabalhavam com menus veganos ou vegetarianos. Mas mesmo dando as caras por aí em alguns dos mais badalados restaurantes do país (Rafael Costa e Silva, do Lasai, as usa direto), muita gente fina, elegante e sincera ainda não se deu conta das possibilidades das Pancs. E até ignoram a existência delas. 

 

As plantas alimentícias não convencionais representam espécies vegetais menos conhecidas, porém ricas em nutrientes. Inseri-las na alimentação só traz benefícios à saúde (e ao planeta). E para ajudar quem não sabe exatamente do que estamos falando, preparamos um guia com sete PANCS que você precisa conhecer. Mesmo que não seja tão fácil assim de encontrar nos supermercados das redondezas….

 

1. Ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata):

O ora-pro-nóbis é uma trepadeira rica em proteínas e fibras. O nome significa “rogai por nós” em latim, e em tupi-guarani significa “planta que produz frutos com muitos espinhos finos”. Suas folhas são fontes de cálcio, ferro e vitaminas A e C, sendo um alimento versátil que pode ser consumido cru em saladas, refogado com alho e cebola, ou adicionado a sucos e smoothies. A versão rosa da planta (Pereskia grandifolia) contém oxalato e, por isso, não deve ser consumida crua.

 

2. Beldroega (Portulaca oleracea):

A beldroega é conhecida por suas folhas suculentas e flores comestíveis que podem ser amarelas, rosadas ou brancas. Considerada um super alimento, é excelente fonte de ácidos graxos ômega-3, vitaminas A, C e E, assim como minerais como magnésio, cálcio, potássio e ferro. Suas folhas suculentas têm um sabor leve e refrescante, sendo ligeiramente azedas. Podem ser usadas em saladas cruas, sanduíches, sucos ou refogados. O sabor é suave, e a textura crocante. Os altos níveis de antioxidantes e ácidos graxos ômega-3 contribuem para a saúde cardiovascular e redução da inflamação no corpo.

 

3. Taioba (Xanthosoma sagittifolium):

A taioba é rica em vitamina A, C, fósforo, cálcio e magnésio. Por conta do formato das folhas grandes e suculentas, é também chamada de orelha de elefante. O preparo é semelhante ao da couve. Funciona muito bem em refogados. Mas, atenção: a taioba é rica em oxalato de cálcio, uma substância que causa sensação de queimação e prisão de ventre. Portanto, a folha não deve ser consumida crua!

 

4. Peixinho (Stachys byzantina):

As folhas do peixinho tem textura macia e sabor suave. Funcionam muito bem em saladas e chás. Mas são mais conhecidas e apreciadas quando são fritas ou empanadas e servidas como petiscos ou acompanhamentos de pratos principais. Entre os benefícios à saúde está o alto nível de fibras da planta, assim como o fato de ser rica em antioxidantes.

 

5. Serralha (Sonchus oleraceus):

Muito parecida com outra PANC, a dente de leão, a serralha é conhecida pelas folhas verdes, lobadas e pontiagudas, que se assemelham a dentes de serra. É rica em nutrientes, incluindo vitaminas A, C, E e minerais como ferro, cálcio e potássio. Elas apresentam um sabor suave e podem ser consumidas cruas em saladas, refogadas, cozidas em sopas ou até mesmo em sucos verdes. O consumo regular da serralha pode contribuir para a saúde da pele, fortalecimento do sistema imunológico, melhoria da digestão e controle da pressão sanguínea. As flores amarelas da planta têm ação tem ação anti-inflamatória, anticancerígena e purificante.

 

6. Azedinha (Rumex acetosa):

A azedinha é rica em vitamina C, ferro, potássio, antioxidantes e ácido oxálico. Seu consumo pode contribuir para a saúde do sistema imunológico, da pele e dos ossos, além de auxiliar na absorção de ferro. Uma das PANCS mais populares, empresta um sabor ácido aos preparados. Pode ser consumida crua, usada para temperar saladas, e funciona muito bem em refogados ou adicionada a molhos e sopas. 

 

7. Cará-moela (Dioscorea bulbifera):

Também chamado de cará-do-ar ou inhame voador, o cará-moela é uma planta trepadeira que pode atingir 3 metros de altura, com folhas em formato de coração. É rico em fibras e carboidratos, além de possuir grande quantidade de vitaminas e sais minerais, e ajudar a manter a boa saúde dos rins. Pode ser consumido cozido, assado, frito ou usado em purês, ensopados. Também pode ser transformado em farinha, ou usado em pães e bolos. Mas atenção: é indispensável cozinhar bem o cará-moela para eliminar as toxinas naturais contidas na  planta.