O Jura é uma região na França, espremida entre a Borgonha e Suíça. Circundada por montanhas com cascatas, florestas, lagos e rios que respiram natureza, mas também oferece aventura aos apreciadores do esqui na neve ou desbravadores de corredeiras. Durante muito tempo, também foi uma das mais subestimadas regiões vinícolas da França, contudo, vem sendo descoberta e valorizada pelos apreciadores de sabores e estilos singulares que não se encontram em nenhum outro lugar.
A cidade de Arbois, talvez seja a mais conhecida da região, pois lá viveu Louis Pasteur, que no final do século XIX desenvolveu experimentos sobre a transformação de suco de uva em vinho. Arbois é um dos mais bem guardados segredos do universo do vinho. É uma cidade medieval, pitoresca, que pouco se modificou desde que Pasteur lá viveu há mais de um século.
O Jura, por muito tempo, ficou limitado à divulgação do Vin Jaune (Chateau Chalon é um deles) e sua alma gêmea, o queijo Comté. Todavia, os entusiastas já sabem que há muito mais prazer por lá. Os vinhos são indisciplinados. O tinto é o branco. Leve, fresco e vibrante, enquanto o branco é o tinto. Normalmente encorpado, cremoso e maduro. Lógico que exceções existem, como em toda regra.
A diversidade de estilos de vinhos também é marcante, que além de brancos e tintos, produz rosés, espumantes, Vin de Paille, Macvin, o vinho amarelo (Vin Jaune) e desde 2010 sob a categoria Vin de France, são produzidos Pet Nat, vinho doce de colheita tardia, vinho doce de uvas desidratadas que não foram aprovadas nas regras do Vin de Paille , vinhos de uvas ancestrais e incomuns, e todo tipo de vinho que não caiba nas legislações existentes.
Assim, o Jura é hoje um turbilhão de criatividade e emoções, que arrisco a comparar ao movimento Impressionista do século XIX durante a Belle Époque.
Ah!!! A gastronomia também não é mais identificada apenas pelo queijo Comté. Outros queijos como Mont d’Or, Morbier, Bleu de Geux, Cancoillotte ; Charcuterias e o frango de Bresse ao Vin Jaune com morilles, são iguarias da região que atingem o ápice do sabor quando escoltadas por vinhos locais.
PRODUTORES A DESCOBRIR:
Domaine Ganevat
Esse produtor, da forma que é hoje, começou em 1998 com Jean-François Ganevat assumindo o bastão. Desde então vem se destacando pela qualidade e quantidade de estilos produzidos (em torno de 80 cuvées). Há vinhos para todos os gostos, sempre em alta qualidade. No Brasil pela importadora Gavinho.
Domaine des Bodines
O casal Emile e Alexis Porteret são do departamento de Doubs e fizeram a primeira safra em 2011. Ficaram preocupados em como vender aquelas oito mil garrafas, mas logo já estavam vendendo até na Califórnia. Seus vinhos são encantadores e é quase inacreditável que tenhamos no Brasil pela importadora Cave Léman.
Domaine Hughes & Béguet
Patrice Béguet toca sozinho a vinícola que dividia com a ex-esposa inglesa Caroline Hughes. Começou em 2009 e já obteve o certificado biodinâmico Demeter em 2012, graduação rara para pequenos produtores. Seus vinhos já estiveram no Brasil por uma extinta importadora. Esperamos que retorne em breve.