Marina Santos é filha da terra e não foge à luta. Viticultora e vinhateira, a mãe de Leona e Benjamin, começou, junto ao marido Israel, a experimentar fazer vinhos em 2009. A coisa fluiu bem, o resultado era promissor, e em 2014 os vinhos de Marina e Israel começaram a chegar ao mercado. Nascia a Vinha Unna. E como se fala no Brasil, "chegaram, chegando".
Nas rodas dos aficionados pelos vinhos naturais, a excitação era evidente com aqueles vinhos limpos, frescos, leves, deliciosos. Vinhos que buscavam uma identidade brasileira e não traziam inspiração nem a concentração chilena ou argentina. Eram vinhos brasileiros como não se ousava fazer. Desde o início, o projeto apostou em agricultura limpa e vinificação natural. Aos poucos, o que já nasceu bom foi ficando melhor. E a consistência fez com que o trabalho ganhasse reconhecimento dentro e fora do país. Mal chega ao mercado, a produção da Vinha Unna desaparece.
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"Criar algo é realmente fantástico. É poder se expressar, se soltar, se reinventar, experimentar. É libertador. E isso só pode ser feito, quando o vinho expressa tudo isso a partir de um trabalho sério e focado", explica Marina. "Através de pequenas experiências, erros e acertos, o projeto Vinha Unna nos preencheu. Criou corpo, objetivos bem traçados, responsabilidade e compromisso com nosso ecossistema, nossa região, nossos clientes e principalmente com nossos filhos, que precisam do nosso exemplo para ter os mesmos valores no futuro", conclui.
Mas apesar do sucesso, Marina e família serão obrigados a recomeçar. Já estavam de passagem comprada para a França para uma temporada quando a pandemia forçou uma mudança de planos. Mas a viagem irá, cedo ou tarde, acontecer. O que não significará o fim da Vinha Unna. Pelo contrário. A Vinha Unna vai continuar. E a tendência é que fique ainda melhor. Afinal de contas, Marina é filha da terra. E não foge à luta.
Nesta Sala de Provas da Gula, Marina Santos conta um pouco da apaixonante história da Vinha Unna, fala dos planos para o futuro e apresenta seis rótulos especiais para Alexandre Lalas. Imperdível.
Vinhos provados:
foto: Alexandre Lalas
Terroir Ancestral 2017
11,5% - R$ 110
Cofermentação de moscato antigo com 20% de peverella, com dois anos de contato com as cascas. Branco de classe, explosivo, com excelente acidez, lado cítrico muito forte (toranja, limão), fim de boca com leve toque salgado – 92
Lunações Edição Especial Perpétua Final
12,5% - R$ 110
Uma das fantásticas experimentações de Marina Santos, esta é a edição final desta perpétua. Um toque bem marcado de limão galego no nariz. Na boca, é cheio de camadas, multidimensional com uma acidez elétrica e um final bem longo – 94
Vórtice 2017
11% - R$ 150
Pet Nat feito com a chardonnay, notas de fruta madura, com excelente boca, com muito mais densidade, volume e cremosidade do que a média encontrada no mercado nacional. Um pet nat a sério, longe do estilo “suquinho” tão comuns por aqui – 91
As Baccantes Cabernet Franc 2016
12,8% - R$ 110
Cabernet franc de maceração carbônica, toque de cereja e tutti-frutti no nariz, com evolução para cogumelos e pimenta preta. Bem fresco, algo inquieto na boca, vibrante e, acima de tudo, muito gostoso de beber – 90
Evoé Pinot Noir 2016
12,8% - R$ 150
Pinot cheio de caráter, com notas bem marcadas de alcaçuz. Leve, macio, com boa presença de boca, delicado, final com ligeiro e agradável amargor – 89
Caixa de Pandora 2018
13% - R$ 110
O vinho tem cor de Amarone, nariz de Amarone. Mas na boca, o registro é outro. A primeira sensação que vem na boca, é a acidez vibrante. É tenso, expressivo, cheio de assunto. Parece que temos uma geleia de cassis com flor de sal – 92