A história do Château Palmer fica explicada pelo fato de a famosa classificação dos crus de Bordeaux, datada de 1855, tê-lo situado na modesta categoria 3.émes cru classé de Margaux. Hoje, as milhares de caixas anuais que produz Palmer são mais caras que muitas 2.émes crus e até que algumas premier cru.
No século XVIII, esta propriedade chamava-se Château d’ Issan e, no século XIX, passou para as mãos de um general inglês, chamado Charles Palmer, que a comprou em 1814. Diz-se que este general, filho de um mestre cervejeiro de Bath, descobriu as vinhas da propriedade quando regressava da Espanha, após travar algumas batalhas contra Napoleão. Conheceu assim Madame de Gasq, proprietária das vinhas, tendo-a convencido a vender-lhe a propriedade, por uma modestíssima quantia em dinheiro. Palmer deu nome ao château e enriqueceu-o, comprando também algumas parcelas vizinhas, as quais designou por Boston e Dubignon.
Em 1831, o Château Palmer era já uma belíssima propriedade de 162 hectares, metade da qual plantada com vinhas. Em 1853 uma família rica de banqueiros, os Pereira, compraria Palmer ao general, após anos de decadência, que havia dissipado a fortuna no jogo e nas corridas de cavalos. Os novos donos investiram na propriedade e em menos de uma década, em 1864, após a famosa classificação dos crus, Palmer vendia-se quase tão caro como o Mouton. Mas, as pragas da vinha, a Primeira Guerra Mundial, a sucessão de más colheitas que se verificaram na década de 30 e as desavenças hereditárias acabaram novamente com a fortuna dessa área de vinha.
Palmer foi novamente vendido, dessa vez aos atuais proprietários. Em 1938, os novos donos formaram um consórcio internacional, no qual se uniram algumas empresas muito conhecidas: Ginestet e Boutteiller (francesas), Shiel (inglesa) e Mahler-Besse (holandesa). A imagem do château, com as três bandeiras multinacionais, tornou-se famosa.
O atual edifício encontra-se no centro dos melhores solos e vinhas da propriedade, no alto de uma colina, ocupando as áreas mais altas dos terrenos de seixos que formam a margem esquerda do Gironde, na zona de Margaux.
Atualmente, encontram-se plantadas as variedades Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot. Muitas das vinhas são bastante velhas, algumas ultrapassando os 50 e 60 anos, sendo os rendimentos muito baixos. Palmer tem mantido algumas técnicas de vinificação antigas, como o caso dos lagares, prensas verticais e cubas de madeira. As uvas ainda hoje são selecionadas e desengaçadas manualmente e, após o ligeiro esmagamento, são bombeadas para as cubas de inox da nova adega. À fermentação segue-se uma longa maceração, que pode prolongar-se por 25 dias, para extrair pigmento, tanino e aromas. O vinho obtido das prensas é acrescentado e transferido para as cubas de inox, antes do início da fermentação malolática. O estágio é realizado em barricas bordalesas, durante 20 meses, das quais 50% são novas. Os vinhos não são filtrados e clarificam-se com albumina de ovo. A fruta da Merlot une-se à estrutura da Cabernet Sauvignon, resultando num vinho aromático, elegante e muito sedutor.
Os que arriscam na bolsa do vinho, bem que podem apostar em muitas colheitas do Château Palmer: a de 1961 arrasou com o mítico Lafite. Daquela safra à de 1977, quando o Château Margaux vivia momentos difíceis, Palmer manteve-se acima deste vinho icônico.
Vinhos provados recentemente:
Château Palmer 2013
Château Palmer 1999
Alter Ego 2013
Alter Ego 2009