O evento anual que reune boa parte dos produtores da Mistral, referência de qualidade em vinhos, também coincide com os 50 anos de fundação da empresa.
A feira de degustação disponibilizou cerca de 500 rótulos de vinho, de 74 produtores e 13 países diferentes. Ainda que impossível provar todos os vinhos, elegemos nossos destaques, percorrendo além dos clássicos, e que qualquer enófilo deveria conhecer.
Champagne Pol Roger Blanc de blancs 2015
No capítulo dos espumantes Champagne reina de forma absoluta e entre o trio de Vintages 2015 (Brut, Blanc de Blancs e Rosé) o Blanc de Blancs chamou a atenção pela estrutura e já mostrar a fruta e o nervo da Chardonnay da Côte de Blancs (6 vinhedos Grand Cru). Mesmo os seis anos sur lie impactam de forma elegante no conjunto, que não deixa de exibir seu cítrico floral com acidez elétrica.
Domaine Drouhin Oregon Cv. Arthur Chardonnay 2018
A tradicional família bourguignon hoje já possui mais vinhedos no Oregon que na Borgonha, um bom indício da vocação para a produção qualitativa de vinhos. Aqui uma versão contida e precisa da Chardonnay, sem referências tropicais, interessante cremosidade e nem de longe aparenta os 14% de álcool grafado no rótulo.
Ca’del Bosco Corte del Lupo 2020
Muito mais conhecida pelos espumantes (Franciacorta), Ca’del Bosco faz este branco, 80% Chardonnay e 20% Pinot Bianco, a partir de seus vinhedos orgânicos. Fruta fresca contida, textura glicerinada, ótimo frescor e toques minerais reproduzem um estilo didático de um branco de clima frio (e ótimo de se beber, claro!).
Tenuta delle Terre Nere Calderara Sottana Bianco 2021
A contrada (equivalente a um village) de Calderara Sottana não está entre os mais altos da encosta do Etna, mas seu solo é um dos mais extremos e pedregosos. Isto se reflete na caráter mineral-defumado do vinho, sem ofuscar a forte personalidade da Carricante (100%), com frutas amarelas frescas, estrutura firme e bastante longo.
Monte Meão Vinha da Cantina 2019
Além da surpresa de um Baga no Douro (lá chamada de Tinta da Bairrada), na taça o vinho entrega boa surpresa. A fruta vermelha fresca e madura com balsâmicos mostra a identidade da casta, sem as notas herbais que costumam surgir na Bairrada. Outra marca da casta, os taninos, estão presentes, firmes e compactos, com o suporte da fruta e boa integração da madeira.
Ridge Lytton Springs 2019
Os sucessos da Chardonnay e do ícone Montebello são merecidos sobretudo pela combinação de excelência e consistência. Mas o trabalho que a vinícola faz com os "single vineyards" onde predomina a Zinfandel merece ser conhecido por se distanciar dos seus pares. Neste caso, o vinhedo com mais de 100 anos formou o assemblage onde a Zinfandel participa com 74% do volume nesta safra. Para conhecer o ápice da Zinfandel, sem doçura, com frescor e especiaria.
Pintia 2018
Mesmo ao lado de Alión, Macán e Valbueña, a expressão da Tempranillo em Toro brilhou. É um dos rótulos que mais tem evoluído (no sentido da expressão, não do envelhecimento) no portfólio de Tempos Vega-Sicilia. Fruta pura, com intensidade e concentração em harmonia, toques minerais e tensão de taninos com a austeridade típica de Toro. Há potência mas bem controlada e com fruta cristalina.
Oremus Tokaji Aszú 5 Puttonyos 2014
Também integrante do grupo Tempos Vega-Sicilia na Hungria. Os 5 “putts”, significam que são adicionados 5 cestas de 25 quilos de uvas botritizadas ao barril de 136 litros (gönc) com mosto de uvas brancas, onde a Furmint predomina. O resultado é um vinho dourado, untuoso, com 12% de álcool, 137 gr/l de açúcar residual, equilibrados pelas 9 gr/l de acidez total. Os aromas caminham entre os cítricos cristalizados, damasco, mel, crème brûlée e açafrão.