Crime e castigo

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Redação

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O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou o relatório final a respeito das contaminações na cerveja produzida pela Backer, em Belo Horizonte. Segundo o Mapa, o problema ocorre desde 2019, o que afasta a possibilidade de tratar-se de um evento isolado, como defendia a cervejaria. Segundo o relatório, este tipo de contaminação é inédita em alimentos no Brasil.  

 

Equipes do Mapa, da Polícia Civil e do Ministério Público foram até a sede da Backer. A ação foi realizada para apreensão de mais de mil fichas com anotações que não haviam sido entregues às autoridades. A promotora de justiça Vanessa Fusco disse que as fichas serviam para controle interno de produção e traziam anotações de “vazamento de glicol” e já eram de conhecimento do Mapa, que as tinha de forma digitalizada.

 

O relatório sustenta que as substâncias contaminantes monoetilenoglicol e dietilenoglicol não são produzidas pela levedura em condições normais da produção da bebida e não estão restritas aos lotes das bebidas que passaram pelo tanque JB 10, ocorrendo também em cervejas produzidas antes da instalação do equipamento.

 

Anteriormente, a defesa da Backer havia sustentado que a responsabilização pela intoxicação por dietilenoglicol deveria se estender aos fornecedores, tanto da substância tóxica, já que a cervejaria alegou comprar apenas monoetilenoglicol, quanto do tanque, que seria novo, mas com defeito.

 

A hipótese levantada pela Backer de que cervejas de outras marcas também estivessem contaminadas por conta do mesmo problema foi descartada pelo Mapa, que analisou diversas amostras de outros produtores sem encontrar nenhum vestígio de contaminação do dietilenoglicol e monoetilenoglicol.

 

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No relatório, o Mapa sustenta que a cervejaria teria adotado “práticas irresponsáveis ao utilizar líquidos refrigerantes tóxicos de forma deliberada em seu estabelecimento, utilizando-os em detrimento de alternativas atóxicas, como propilenoglicol e álcool etílico potável.” Falhas nos sistemas de controle e gestão, com informações incompletas nos relatórios de produção foram apontadas pelo Mapa.

 

Em junho, a Polícia Civil havia concluído a investigação sobre o caso. Dez pessoas morreram e outras dezenove foram intoxicadas pela cerveja. Onze funcionários da empresa foram indiciados por crimes como lesão corporal, contaminação de produto alimentício e homicídio.